Aninha era um menina, muito sensível,
ela guardava com todo carinho a sua bela caixinha dourada, não
revelava a ninguém seu maior tesouro, quando ela se via em apuros
ela logo ia confidenciar à sua caixinha dourada, pois é a sua
melhor amiga.
Aninha tem muitos amiguinhos, mas nada
se compara com a sua caixinha dourada, a qual pode falar,
confidenciar, sem ser censurada pelos seus atos.
Numa manhã ela acordou e ficou
sabendo que a casa onde mora deveria ser desocupada, pois mudariam
para um lugar mais afastado do centro, por motivos financeiros.
E ai começou a folia da arrumação,
dos móveis, roupas, panelas, tapetes e tudo mais, mas ela não
contava que seria tanta bagunça, pois nesse momento sua mãe
aproveitava para fazer uma faxina e jogar fora as coisas velhas que
não serviriam mais pra nada, como roupas velhas e utensílios
domésticos entre outras coisas.
Nossa! A menina nem viu o dia passar,
ao chegar na nova casa, caiu na cama improvisada e não viu mais
nada, o cansaço tomou conta dela. No outro dia começou a arrumação,
colocar as coisas em ordem, olhar pela janela ver os vizinhos, ver a
nova escola, era tanta novidade que nem sabia por onde começar.
No final do dia quando ela foi arrumar
seu novo quarto ela começou a procurar a sua caixinha dourada e não
a encontrava de jeito nenhum, nesse momento suas pernas tremeram e o
desespero começou a tomar conta dela, procura aqui e ali e nada de
achar a tal caixinha dourada, seu coraçãozinho já batendo
acelerado, completamente em pânico, ela desce correndo as escadas e
pergunta a sua mãe, se ela viu sua hummmmmm…. como iria falar pra
sua mãe do existência da sua queridinha....poxa mãe tá uma
bagunça no meu quarto nem acho minhas coisas direito, ela respondeu
chateada, pra sua mãe.
A mãe no entanto perguntou.
__ O que você está procurando meu
anjo?
Ela
sem saber o que falar, e também nem lembrava onde tinha guardado sua
caixinha dourada antes da mudança, apenas falou.
__ To procurando uma coisa que tava na
minha cama antes da mudança, você viu mamãe?
A mãe sem saber do que se tratava,
novamente perguntou.
__ mas como era essa coisa?
Ela falou:
__ Era uma coisinha assim,
pequenininha, quadradinha, amarelinha, você viu? Perguntou ansiosa.
A mãe ficou pensando no que poderia
ser e falou.
__ Olha quando eu fui arrumar teu
quarto antes da mudança, peguei umas coisas velhas que estava em
cima da cama e coloquei dentro de uma bolsinha preta, e esta bolsinha
eu coloquei dentro de uma outra bolsa maior, parece que era uma
mochila de escola velha, não a que você usa todo dia, sabe? aquela
do ano passado, parecia que era ela, falou meio na dúvida,
balançando a cabeça...
__ Tá eu vou procurar lá em cima, ela
disse à sua mãe.
Nesse momento a menina subiu correndo
as escadas, toda aflita para procurar seu segredinho, e começou a
revirar todo o quarto na busca incansável pelo objeto e nada de
achar, então começou a chorar sem consolo e sua mãe escutou seu
pranto e subiu as escadas correndo para ver o que aconteceu e se
espanta ao ver a filha daquele jeito tão desesperada por causa de um
objeto sem valor. Fica furiosa e sem paciência com a filha, mas
vendo que não tem jeito começa a ajudar a procurar a tal mochila,
foi ai que ela lembrou que colocou no porão junto com todos os
outros lixos que havia separado.
Não tinha outro jeito a não ser
levar a filha lá na antiga casa para procurar o tal objeto
misterioso, e no mesmo instante correram pra lá antes que alguém
pudesse mexer no porão e acabar de vez com a esperança de
encontrá-lo.
Ao chegar na antiga casa por sorte,
muita sorte mesmo, tudo estava do jeito como tinham deixado, e logo
começaram a busca que demorou um pouco, mas acabaram encontrando a
tal mochila, Aninha pegou rapidamente a mochila e logo foi abrindo
pra ver se tinha uma bolsinha preta lá dentro, foi quando saiu dos
seus lábios um belo sorriso quando à avistou, seus olhos chegaram
a ficar cheios de lágrimas quando ao abrir a bolsinha preta ela viu
a sua caixinha dourada, que havia procurado tanto.
Nesse momento quando estavam indo pra
casa a mãe lhe perguntou.
__ Filha o que é essa caixinha
dourada? O que tem ai dentro dela? Quem deu a você esta caixinha?
A filha sem saída responde a sua mãe.
__ Eu ganhei ela do papai, mamãe.
__ E o que tem ai dentro posso saber?
__ Sim mamãe tem aqui os meus dois
primeiros dentinhos que cairam quando eu era pequenina. O papai falou
que eles eram os meus dentinhos e que eu deveria cuidar deles com
muito carinho, que os dentes são os amiguinhos das pessoas, que
devemos sempre e em todo momento lembrar disso.
__ Então desde daquele momento que o
papai me deu os meus dentinhos na caixinha dourada, eu nunca mais me
separei deles, nem mesmo quando o papai foi morar no céu com Jesus.
Porque assim sinto que o papai está sempre junto de mim.
Foi nesse momento que a mãe entendeu
a importância daquele simples objeto que a filha amava tanto, e
concluiu que não era apenas uma simples caixinha dourada em que ela
guardava os dois dentinhos, mas sim a lembrança, o carinho, a
saudade do pai, que fazia toda a diferença pra ela.
De alguma forma ou outra, a menina se
apegou àquele objeto, buscando consolo e proteção nos momentos
difíceis, para não se sentir só, mesmo tendo muitos amiguinhos.
Bernadete da Luz 06/05/2014.
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